Conheça o uso da escala de Braden para a correta prevenção e tratamento de lesões por pressão (LP) em hospitais e especialmente em UTIs
A escala de Braden é um recurso utilizado nas UTIs para medir o risco dos pacientes críticos de desenvolverem lesões por pressão. A partir desse registro, enfermeiros conseguem aplicar medidas preventivas e promover um tratamento mais eficaz. Não à toa, acamos de lançar um curso online que capacita para o uso da escala.
A ferramenta não é a única disponível (diversas escalas são validadas, como por exemplo as de Norton e Waterlow), mas a de Braden é a mais utilizada no gerenciamento do cuidado aos pacientes críticos. Não à toa, é aplicada em instituições de saúde por todo o mundo e foi traduzida para mais de 16 idiomas (baixe aqui a versão oficial em português brasileiro).
Para a enfermeira e Doutora na área, Roberta Teixeira Prado, esse recurso é importantíssimo para o atendimento. “Compete ao enfermeiro identificar, planejar e executar medidas preventivas de acordo com a necessidade de cada paciente”, afirmou. A profissional, que também é docente na pós-graduação em UTI, chegou a publicar um trabalho científico sobre o uso da ferramenta nesse ambiente. Ela também é professora do novo curso online sobre a escala.
Aqui no Blog você também pode conferir o passo a passo da Escala de coma de Glascow, outro recurso necessário nesse ambiente de trabalho.
Lesões por pressão
LP é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa.
As LP são lesões provocadas pela falta de movimento, juntamente com a pressão e fricção de superfícies na pele.
Normalmente se desenvolvem em proeminências ósseas, como é o caso de tornozelos, calcâneos, trocânteres e cóccix. Esse processo é intensificado pela umidade e deficiência nutricional do paciente, deixando a epiderme mais vulnerável ao baixo nível de oxigênio e nutrientes nos tecidos.
Existem pacientes que merecem atenção especial, pois possuem alguma limitação que acelera o desenvolvimento de LP. Alguns exemplos são: Idosos, pessoas com pouca mobilidade, lesão medular, doenças degenerativas, pele frágil, incontinência urinária ou intestinal, desnutrição, obesidade ou com problemas de circulação arterial.
Como é a escala de Braden?
A escala de Braden analisa seis fatores principais no paciente: percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição e, por último, a fricção e cisalhamento. Cada uma dessas características é testada e pontuada de 1 a 4, sendo maior quanto mais positivo for o estado do paciente. A soma total de todos os fatores analisados resultará em um número entre 6 e 23 que indicará o estado da lesão e quais práticas devem se seguir a essa avaliação.
Tratamento de acordo com a intensidade na escala
Veja o que deve ser feito pelo enfermeiro em cada caso de acordo com o protocolo oficial do Ministério da Saúde:
Risco baixo (15 a 18 pontos)
- Cronograma de mudança de decúbito;
- Otimização da mobilização;
- Proteção do calcanhar;
- Manejo da umidade, nutrição, fricção e cisalhamento, bem como uso de superfícies de redistribuição de pressão.
Risco moderado (13 a 14 pontos)
- Continuar as intervenções do risco baixo;
- Mudança de decúbito com posicionamento a 30°.
Risco alto (10 a 12 pontos)
- Continuar as intervenções do risco moderado;
- Mudança de decúbito frequente;
- Utilização de coxins de espuma para facilitar a lateralização a 30º.
Risco muito alto (≤ 9 pontos)
- Continuar as intervenções do risco alto;
- Utilização de superfícies de apoio dinâmico com pequena perda de ar, se possível;
- Manejo da dor.
Observação: vale ressaltar que a assistência ao paciente deve ser sistematizada e individualizada.
Classificação das lesões por pressão
Segundo o NPUAP (National Pressure Ulcer Advisory Panel), as lesões por pressão devem ser classificadas da seguinte forma:
Como prevenir o desenvolvimento de lesões por pressão?
De acordo com o Protocolo para prevenção de úlcera por pressão lançado pelo Ministério da Saúde, existem seis etapas essenciais no processo de prevenção:
- Avaliação integral dos pacientes na admissão: análise do risco de desenvolvimento da lesão (por meio da escala de Braden) e inspeção da pele na procura de lesões já existentes.
- Reavaliação diária de risco de desenvolvimento de LP em todos os pacientes internados: garante uma estratégia ajustada às necessidades individuais.
- Inspeção diária da pele: avaliação de todo o corpo do paciente, dando atenção especial aos locais em que essas lesões são mais comuns.
- Manejo da umidade: limpeza cuidadosa que também minimize a irritação e ressecamento da pele unida à utilização de hidratantes e produtos de barreira
- Otimização da nutrição e da hidratação: fornecer líquidos, proteínas, ingesta calórica e suplementos nutricionais de acordo com a necessidade e consulta de nutricionistas/nutrólogos.
- Minimizar a pressão: redistribuição da pressão por meio do reposicionamento do paciente de acordo com a rotina institucional e demanda apresentada, além da utilização de superfícies feitas com essa finalidade (colchões específicos, travesseiros e coxins).
A Escala de Braden tem fácil aplicação e custo quase inexistente, sendo capaz de alterar a forma como se presta o cuidado, além de respaldar cientificamente as intervenções de Enfermagem e orientar a assistência multiprofissional.
Confira também o texto sobre a Escala de coma de Glasgow.
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